Islamabade / Cabul — Agosto de 2025 — O êxodo de refugiados afegãos do Paquistão se intensificou nos últimos meses de 2025, com mais de 78 mil pessoas retornando ao Afeganistão através da passagem fronteiriça de Spin Boldak entre abril e agosto. O fenômeno reflete uma campanha massiva do governo paquistanês para expulsar refugiados afegãos, muitos dos quais haviam fugido do país após a retomada do poder dos talibãs em 2021. A situação agrava ainda mais a crise humanitária já severa enfrentada pelo Afeganistão.
📌 Dinâmica do retorno e condições de repatriação
- Entre abril e agosto, pelo menos 78 mil afegãos, incluindo seis mil detidos, atravessaram a fronteira de Spin Boldak, segundo dados do governo talibã e relatos das Nações Unidas.
- Os retornados, em grande parte refugiados que buscavam asilo no Paquistão, enfrentam problemas como falta de abrigo, assistência médica e proteção adequada ao voltar para um país assolado por instabilidade e pobreza extrema.
- Autoridades afegãs, conscientes da pressão social e humanitária, iniciaram construções de municípios temporários, especialmente na província de Kandahar, para oferecer alojamento aos recém-chegados.
📌 Crise humanitária e apelos internacionais
- O retorno rápido e em grande escala tem causado sobrecarga aos serviços básicos e aumentado o risco de instabilidade interna no Afeganistão, país em que mais de metade da população necessita urgentemente de ajuda humanitária.
- A ONU e organizações como a Agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) alertam para riscos de abusos, maus-tratos e extorsão por parte das autoridades paquistanesas durante o processo de expulsão.
- Os organismos internacionais pedem a mobilização urgente da comunidade global para apoiar os retornados com abrigo, alimentação, cuidados de saúde e proteção, especialmente para mulheres, crianças e grupos mais vulneráveis.
📌 Contexto político e segurança regional
- Islamabad justifica a expulsão dos refugiados com preocupações de segurança, citando ameaças de grupos militantes como os talibãs paquistaneses que operam nas províncias de Khyber Pakhtunkhwa e Baluchistão.
- A campanha de deportação faz parte de uma estratégia de repatriamento que prevê que até três milhões de afegãos retornem ao seu país até o final de 2025.
- Apesar da postura do Paquistão, o retorno forçado é contestado por organizações de direitos humanos e aumenta a incerteza sobre o futuro da população deslocada.